Fases da escrita, tarefa e competências socioemocionais foram temas desenvolvidos com os pais
O 1º Ano do Ensino Fundamental é o princípio da vida acadêmica da criança. É nesta fase que se estabelece uma série de comportamentos e habilidades que serão muito importantes para os próximos anos escolares. Naturalmente, os pais ficam ansiosos para ver as primeiras palavrinhas escritas pelo filho neste momento que marca sua inserção no mundo letrado. No entanto, é fundamental controlar as expectativas para não sobrecarregar as crianças. Com o objetivo de mostrar aos pais como eles podem auxiliar os filhos a passarem pela alfabetização com tranquilidade, O Peixinho realizou uma reunião de orientação sábado (30).
No início do encontro, a diretora Daniele Zoéga Della Barba, responsável pela condução do tema, explicou aos pais que embora o 1º Ano faça parte do Ensino Fundamental e passe por mudança de currículo, novas exigências e formalizações, n’O Peixinho, a turma é mantida no espaço da Educação Infantil por corresponder ao antigo Pré. “Optamos por deixar estes alunos em um ambiente com rotina de atividades adequada à idade deles”, justificou.
A prioridade da série é a alfabetização, e alguns aspectos são fundamentais para que este objetivo seja atingido. Concentração, persistência e esforço, desenvolvimento da autonomia e da independência, trabalho em equipe, desenvolvimento do pensamento e do raciocínio e estabelecimento de hábito de estudo foram os pontuados pela diretora.
Para que os pais compreendam o processo pelo qual os filhos estão passando e saibam como auxiliá-los, ela explicou as fases da escrita que, segundo Emília Ferreiro, psicóloga e pedagoga argentina, se dividem em: pré-silábica, silábica, silábica-alfabética e alfabética. De acordo com Daniele, nem todas as crianças passam por todas as fases, por isso, não deve haver comparação entre elas.
A família pode ajudar a criança, independentemente da etapa em que ela estiver, oferecendo apoio e estímulo. Mas como fazer isso? Questionando o que vai escrever; pronunciando junto com ela, pausadamente, para que descubra e perceba o som; e também orientando para escrever do seu melhor jeito. “Fiquem atentos ao nível de exigência para não desanimar a criança”, alertou.
Letra de forma
No 1º Ano, o objetivo é aprender a letra de forma, visto que a cursiva é um desafio muito grande para esta faixa etária porque exige mais coordenação motora e está ligada ao avanço neurológico e concentração, por isso, será trabalhada no 2º Ano, assim como aspectos ligados à ortografia. Conforme orientou a diretora, no momento, o importante é que a criança desenvolva o traçado correto; o traçado incorreto deve ser corrigido, mas o espelhado não, pois este está ligado à maturidade neurológica e naturalmente vai se endireitando.
Tarefa
Para que os filhos desenvolvam a responsabilidade necessária nos estudos, os pais precisam dar prioridade às tarefas: devem estimular a criança a se arriscar e nunca deixar as atividades sem fazer; não fazer por ela; fornecer elementos para reflexão; e não corrigir os “erros” – eles mostram como ela está pensando -. Afixar alfabeto e calendário no quarto dos pequenos foi uma das dicas da diretora para auxiliá-los no processo de conhecimento do mundo letrado.
Competências socioemocionais
Tão (ou mais) importantes que os conteúdos e as práticas educativas são as competências socioemocionais. Afinal, elas auxiliam a criança a gerenciar emoções, alcançar objetivos, tomar decisões de maneira responsável, demonstrar empatia, entre tantos outros aspectos relevantes para o desenvolvimento de habilidades pedagógicas. Entre as competências essenciais, Daniele destacou: lidar consigo mesmo (autopercepção, autoestima e resiliência), lidar com os outros (comunicação e relacionamento) e lidar com os desafios (criar estratégias e fazer escolhas socialmente responsáveis e adequadas).
As brincadeiras são uma maneira eficaz para desenvolvimento dessas competências. As regras ensinam a obedecer; as diferentes opiniões, a expressar/ceder; os desafios estimulam a autoconfiança; perder x ganhar, tolerância à frustração; o movimento desenvolve a coordenação motora; a diversidade amplia a criatividade/imaginação; além disso, brincar desenvolve atenção, memória e raciocínio.
“Atualmente, o brincar tem se resumido a computador, televisão, celular, tablet e eletrônicos em geral, mas precisamos restringir o uso desses recursos tecnológicos e motivar as crianças a brincarem livremente, do que a imaginação permitir”, enfatizou. A leitura também é uma alternativa benéfica para as crianças.
Aos pais, a diretora sugeriu o best-seller do New York Times “O cérebro da criança”, de Daniel J. Siegel e Tina Payne Bryson, e “Como falar para seu filho ouvir e como ouvir para seu filho falar”, de Adele Faber e Elaine Mazlish.
Aprendizado
Andréia Rossi, mãe da Lívia Andrekowicz (1º A), ficou satisfeita com as orientações. “A reunião foi muito importante para que eu pudesse entender o processo de alfabetização e identificar em qual fase minha filha está. Mesmo que a Lívia já esteja escrevendo bem, achei o momento essencial para tirar dúvidas e aprender como auxiliá-la da melhor forma possível”, comentou, afirmando que valoriza as iniciativas da escola que favorecem a parceria com a família.
Mesmo já tendo formado a filha mais velha n’O Peixinho, Fabiane Ciappina, mãe do Heitor (1º C), continua aprendendo com as reuniões de orientação. “São experiências bem diferentes, pois cada filho tem suas necessidades próprias. Achei muito importante a Dani ter mostrado o método de ensino adotado pela escola e também as fases da alfabetização. Foi muito válida a explicação sobre as maneiras que podemos ajudar a criança, valorizando-a sempre e mostrando que é capaz”, comentou. Fabiane também elogiou a fala da diretora a respeito dos prejuízos do uso excessivo de tecnologia e os benefícios do brincar.
Ao final, os pais puderam observar trabalhos dos alunos e receberam um texto complementar com 11 dicas de como ajudar na alfabetização do filho (confira abaixo).
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