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Afetividade é com a ‘escola do coração’

Afetividade é com a ‘escola do coração’

N’O Peixinho, as particularidades de cada criança são respeitadas 

A pandemia chegou e mudou a dinâmica de tudo, inclusive das aulas. Do dia para a noite, o mundo migrou do presencial para o remoto, a forma de se relacionar precisou se transformar e a escola passou a caber dentro de uma tela.  Para O Peixinho, que sempre valorizou o contato entre sua equipe e os alunos, o desafio foi ainda maior, mas, aos poucos, a escola foi se adaptando, levando um pouco da rotina escolar para dentro das casas e, assim, tornou a experiência virtual mais humana e afetuosa. 

O acolhimento e a atenção individualizada aos alunos desde a chegada ao portão da escola e em todas as atividades desenvolvidas são diferenciais d’O Peixinho. Na “escola do coração”, cada criança é respeitada e estimulada de acordo com suas necessidades e particularidades. O aluno não é um número, é um indivíduo que é recebido com muito afeto para que se sinta parte de um ambiente prazeroso e motivador. 

O cuidado com cada criança faz parte da essência d’O Peixinho. Auxiliares, professoras, coordenadoras e equipe administrativa são orientadas a chamar os alunos pelo nome e a conhecer suas famílias. As “tias” que recebem e levam as crianças na entrada da escola ficam atentas para entender as suas necessidades e gostos: umas preferem ir no colo, outras querem ir andando de mãos dadas, algumas gostam de carregar a própria mochila, mas há as que pedem ajuda para levar o lanche ou o material. As professoras também são orientadas a recepcionar os alunos com muita alegria quando eles chegam à sala de aula. 

A diretora Daniele Zoéga Della Barba, que também é psicóloga, explica que quando uma criança é vista como única e suas particularidades são respeitadas, há um investimento em sua autoestima e autoconfiança e, consequentemente, no processo de aprendizagem. Segundo afirma, a partir do momento que a professora sabe atender o aluno do jeito que ele se sente mais confortável, acolhe seus sentimentos e ouve o que tem a dizer, uma grande brecha se abre para estabelecer um vínculo e uma relação de confiança na qual a educadora está ali para apoiar e ensinar e a criança a aprender. 

A afetividade vivenciada por meio de abraços, toques, beijos é muito valorizada n’O Peixinho desde a Educação Infantil até o Ensino Fundamental. “Ficamos sempre atentas aos interesses e gostos das crianças porque o atendimento à individualidade vai de encontro com o que ela sente e quer. Algumas crianças não gostam de abraços em público, por exemplo, e respeitamos”, afirma. O acolhimento e a forma de tratar os alunos são ajustados de acordo com cada um para que a escola seja uma extensão de suas casas.

Na “escola do coração” acredita-se que quanto mais a criança se sentir bem, mais equilibrada ela estiver, mais tranquila e emocionalmente saudável, a aprendizagem ocorrerá como uma consequência. Para ajudar os alunos a desenvolverem suas habilidades socioemocionais, O Peixinho conta com duas psicólogas, a diretora Daniele e Mariana Rodrigues, que conduz inúmeros trabalhos junto às crianças.  

Em tempos de aulas presenciais, além das oficinas temáticas e projetos desenvolvidos com as turmas, Mariana faz acompanhamento periódico nas salas para observar se há crianças com necessidades diferenciadas. Durante a pandemia, a escola buscou formas de estender esse atendimento especial aos alunos por meio de plantões psicólogos, projeto de habilidades socioemocionais, oficinas pedagógicas e plantões com as professoras. “Com essas propostas, temos buscado atender os alunos individualmente em seus processos de aprendizagem. O próprio contexto da pandemia tem trazido consequências para as crianças e nós pensamos em meios de acolher as que necessitam de forma particular por meio de atendimento extra”, relata Daniele.

Dicas para valorizar a individualidade do seu filho 

As situações do dia a dia são oportunidades para reforçar a particularidade da criança. A diretora explica que é importante sempre questionar o que ela vem expondo, respeitar as suas preferências em alguns momentos, discutir as opções e dar alternativas. 

Para a criança pequena, por exemplo, os pais podem colocar algumas opções de roupa e calçado e estimulá-la a escolher. Esse exercício incentiva o gosto e a individualidade. “A partir dos 3/4 anos é possível que a criança participe e opine na compra de comida e roupa, desde que sejam estipulados os limites financeiros e as escolhas façam parte do que a família julgue correto ou qualitativo. Além disso, negociações e combinados fazem toda diferença nestes momentos. Algo do tipo: a mamãe vai comprar esta roupa, mas ela é só para sair ou ir em festas, ok? Combinado?”, complementa a diretora.

É fundamental ouvir as crianças e respeitá-las nas suas opções, nas suas escolhas, orientando-as para o caminho correto da vida, ensinando valores de respeito, morais e, ao mesmo tempo, deixando que elas se expressem. “Se a gente exerce a autoridade com muita força, a criança fica com medo de se expor e, certamente, terá dificuldade para desenvolver a autonomia porque vai depender sempre do adulto para resolver as suas coisas ”, alerta. 

Saber quais são as habilidades a serem desenvolvidas em cada faixa etária é necessário para incentivar a autonomia e a autoconfiança. Quando uma criança recebe uma tarefa, consegue realizá-la e é valorizada, fica feliz e motivada. Esse sentimento é muito importante, segundo Daniele, porque a criança que acredita em si mesma, em sua capacidade, vai se desenvolver na aprendizagem porque estará segura e sabendo que a família está apoiando para que dê um passo a mais sozinha. 

Muitas vezes, elas mesmas dão sinais de que já podem realizar algo sem a ajuda de um adulto, como comer sozinhas, tomar banho, se servirem ou pegar algo que querem. Por isso, a família deve sempre estar atenta e pronta para estimulá-las, mesmo que a princípio essa independência cause sujeira, dê mais trabalho aos adultos e leve mais tempo.

É preciso ir devagar, dando autonomia à medida que elas vão crescendo e expressando seus gostos. Por outro lado, precisam entender que algumas coisas não são discutíveis – como o uso de itens de segurança: cadeirinha ou cinto, por exemplo -. “A família deve proteger a criança daquilo que fere sua integridade física e emocional e, nessa hora, não pode dar nenhum tipo de opção. São situações que não merecem discussões, mas apenas a explicitação da regra e a exigência do cumprimento da mesma, sem qualquer tipo de negociação. Afinal, a criança precisa entender que para algumas regras não há questionamentos, simplesmente temos de respeitá-las”, completa.

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