Otorrinolaringologista recomenda a N95, ou PFF2, para os adultos e crianças maiores; orientação é diferenciada para as mais novas
Desde que a pandemia de covid-19 começou, as máscaras ganharam maior visibilidade e se tornaram indispensáveis na prevenção contra o coronavírus. Conforme vão avançando os estudos sobre a eficácia dos modelos, a população vai se adaptando ao que é mais indicado pelos órgãos de Saúde. No ambiente escolar não é diferente. Com as aulas sendo realizadas presencialmente, a preocupação e os cuidados são redobrados e, além dos protocolos de biossegurança adotados, como redução da capacidade de alunos por sala, higienização frequente dos ambientes e das mãos e distanciamento físico, o uso de uma máscara de qualidade tanto pelos profissionais quanto pelos alunos, é parte fundamental da nova rotina escolar. Para esclarecer dúvidas sobre esse assunto, O Peixinho preparou uma matéria exclusiva com o otorrinolaringologista Daniel Inada.
O uso de máscara foi reconhecido pela Organização Mundial da Saúde como um recurso de prevenção e, inclusive, tornou-se recomendação e exigência de prefeituras e governos estaduais. Mas, diante de tantos modelos e formatos, qual é o mais indicado para ser usado na escola? De acordo com Inada, para a escolha, o que primeiro fator a ser considerado é a vedação. “A máscara deve ficar justa ao rosto de forma que o ar não escape por nenhuma lateral ou mesmo acima do nariz ou abaixo do queixo. Esse diferencial é extremamente importante”, explica.
Outro ponto que não pode ser esquecido é a qualidade da manta filtrante, pois ela assegura a eficácia em filtrar micro-organismos e reter gotículas. O especialista esclarece que a função da máscara vai além de simplesmente fazer uma barreira, o ideal é que, por meio de princípios físicos, atraia as partículas virais, fazendo com que grudem no filtro. No entanto, não é qualquer modelo que faz esse processo, a recomendação de Inada é a N95 (nomenclatura americana), ou PFF2 (Peça Facial Filtrante – nomenclatura brasileira e europeia), que oferece aproximadamente 95% de proteção das partículas virais. O modelo deve ter o registro de Certificado de Aprovação (CA) e carimbo do Inmetro.
Em ambientes hospitalares, inclusive em UTIs de covid, essa é a opção utilizada, com alças duplas que são colocadas na parte de trás da cabeça para conferirem maior vedação. Esse modelo foi desenvolvido para ser usado por longo período, diferentemente dos confeccionados com tecido. “No hospital, chega a ser utilizada por 12 horas seguidas”, comenta o otorrino. Até pouco tempo, esses acessórios eram utilizados prioritariamente pelos profissionais de saúde, no entanto, as indústrias passaram a produzir essas máscaras em maior escala para atender também o restante da população que tem interesse em usar um modelo que garanta maior proteção.
Tendo em vista todos esses benefícios, a N95 é a mais indicada pelo otorrino para ambientes com muitas pessoas, como na escola. No entanto, ainda só há modelos disponíveis para adultos. “Justamente por ser necessária uma vedação completa, é difícil existir um modelo infantil que sirva perfeitamente em uma criança de 4 anos, por exemplo, e em outra de 6 anos”, comenta Inada. Para crianças maiores, a partir de 7-8 anos, pode ser testada a N95, desde que o tamanho seja compatível com a sua face e não sobrem espaços nas laterais.
Se a N95 não for viável para as crianças que frequentam a escola, a indicação é utilizar uma máscara cirúrgica e outra de tecido por cima (de preferência, com três camadas), com troca realizada a cada duas horas. A máscara cirúrgica é recomendada porque seu material filtra partículas menores que os tecidos comuns e possui arame para melhor adaptação ao contorno do nariz, sendo capaz de prevenir a infecção e contágio por grande parte de vírus e bactérias. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda o uso de máscara a partir dos 2 anos de idade.
Cuidados com a N95
A N95 demanda alguns cuidados para que sua funcionalidade não seja comprometida. Considerado semidescartável, esse tipo de acessório pode ser utilizado pela mesma pessoa de 10 a 15 vezes, desde que sejam respeitadas as orientações de utilização e armazenamento. Antes de colocá-lo, é necessário higienizar corretamente as mãos com água e sabão ou álcool 70%. A máscara deve cobrir a boca e o nariz de forma que não haja espaços entre o material o rosto; ela não pode ser tocada durante o uso, mas caso isso aconteça, as mãos devem ser devidamente higienizadas.
A N95 tem de ser retirada pelas alças e acomodada em um envelope de papel num período de três a sete dias, em local ventilado e sem luz solar direta, para que seu filtro restabeleça a eficácia. Após a retirada, as mãos precisam ser lavadas com água e sabão ou higienizadas com álcool. Esse tipo de máscara não pode ser lavado e nem esterilizado com álcool ou qualquer outro produto químico. A peça deve ser descartada, mesmo antes das 10-15 vezes recomendadas, se não estiver vedando corretamente ou se houver sujeira ou mancha aparentes.
Onde adquirir? As máscaras N95 podem ser encontradas em lojas online e em alguns estabelecimentos físicos. Para facilitar a localização desse modelo, foi criado um site chamado PFF para Todos (https://www.pffparatodos.com/), que mapeia ofertas em todo o país.
Equipe paramentada
Diante do atual cenário de pandemia, O Peixinho optou por intensificar a proteção de seus colaboradores cedendo exemplares de N95 para cada um. Ao todo, nesta primeira etapa, a escola adquiriu 255 unidades. Além disso, a diretora Daniele Zoéga Della Barba conduziu uma reunião online com a equipe para fornecer informações sobre a utilização e acondicionamento corretos desses EPIs (Equipamentos de Proteção Individual).
“Estamos passando por um momento muito delicado e precisamos cuidar da saúde da melhor forma possível. Estamos muito felizes por reabrir a escola e não abrimos mão dos cuidados, pois, cuidando dos colaboradores, estamos também cuidando dos nossos alunos”, comenta.
Cuidado constante
O uso de uma máscara mais eficaz não descarta a necessidade de manter os demais cuidados, como higienização correta das mãos com água e sabão ou álcool 70%, distanciamento social e ventilação do espaço. “São os principais métodos para prevenir e evitar a propagação da covid-19”, completa Inada.
Assista aos vídeos de orientação do otorrinolaringologista:
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