Durante encontros semanais, os alunos do 4º e 5º anos tiveram a oportunidade de refletir sobre o tema e aprender práticas de desencorajamento de atitudes agressivas
Disfarçado de brincadeira, muitas vezes, o bullying acaba passando despercebido. Mas ele não tem nada de engraçado, ao contrário, os impactos negativos que pode causar são bem sérios. Com o objetivo de mostrar aos alunos os prejuízos desse fenômeno tão comentado e fornecer instruções para combatê-lo, desde 2011 O Peixinho promove o “Projeto de Prevenção ao Bullying”.
Embora sempre tenha existido, foi somente no final da década de 1970 que o bullying passou a ser conhecido e, aos poucos, tratado com a devida importância. As primeiras pesquisas sobre o assunto foram iniciadas com o intuito de identificar as causas de problemas relacionados ao contexto escolar, como aumento do índice de evasão, baixo rendimento, desinteresse, resistência para ir à escola e, em casos extremos, suicídio.
O bullying ganhou popularidade com o advento dos meios eletrônicos e notícias relacionadas ao tema. Ainda assim, identificá-lo nem sempre é uma tarefa fácil, mesmo nos dias atuais, e, em algumas situações, só se percebe que é mais do que uma simples brincadeira quando a situação atinge um desfecho mais crítico. Por outro lado, há a necessidade de esclarecer que, embora todo comportamento agressivo precise de intervenção, nem sempre caracteriza bullying. De acordo com a psicóloga d’O Peixinho, Larissa Lopes, responsável pela condução do projeto, a informação é o principal caminho para discernir se o bullying está, de fato, ocorrendo.
Para munir os alunos de conhecimento e fornecer “ferramentas” de combate a esse fenômeno, foram realizados cinco encontros semanais com atividades variadas e dinâmicas. O primeiro passo foi definir que as agressões só podem ser caracterizadas como bullying se forem intencionais, repetitivas, com desnível de poder (a vítima não consegue se defender) e sem motivo aparente.
Bater, xingar, fazer sofrer, ameaçar, empurrar, quebrar pertences, chantagear, excluir, humilhar e espalhar boatos depreciativos são comportamentos que podem ter relação com o esse termo oriundo o inglês que designa um conjunto de comportamentos agressivos. No contexto de bullying, os papéis exercidos são de agressor, vítima e espectador/testemunha.
Após compreenderem do que se trata o fenômeno, identificarem os personagens envolvidos e discutirem situações específicas, as turmas de 5º Ano fizeram uma atividade prática pintando um semáforo no qual a cor verde se referia a atitudes que não caracterizam bullying; a amarela estava relacionada a situações que chateiam o amigo e que poderiam se tornar bullying; e a cor vermelha a comportamentos que ferem o outro e, portanto, são caracterizados como bullying. Para melhor fixação do conteúdo os alunos foram divididos em grupos e receberam a missão de elaborar encenações com situações descritas no semáforo.
No 4º Ano, além do momento de reflexão sobre comportamentos errados, as crianças participaram de uma atividade de “feedback positivo” por meio da qual foram convidadas a perceber e a valorizar características positivas em si, em um amigo e a identificar uma pessoa de sua confiança. Como proposta de encerramento do projeto, os alunos dos 4º e 5º anos confeccionaram cartazes com iniciativas de combate ao bullying que estão afixados na escola para apreciação das demais turmas.
No decorrer do projeto, cada criança pôde refletir se já foi agressora, vítima ou espectadora e teve a oportunidade de dizer se houve alguma situação em que um amigo a chateou ou mesmo se devia se retratar com alguém.
Aprendizado para a vida
A psicóloga ensinou importantes estratégias de prevenção, como: se conhecer melhor, elevar a autoestima, valorizar a si mesmo, desenvolver habilidades sociais importantes para se enturmar, fortalecer-se nos grupos de amigos, ser verdadeiro e tratar as pessoas com respeito. Os alunos também aprenderam que sempre devem expressar o que estão percebendo com os pais e professores. “É fundamental que elas observem comportamentos sutis que podem se tornar traumas no futuro e tenham meios para combatê-los”, observa Larissa.
A psicóloga d’O Peixinho reitera que a realização do projeto com os alunos de 4º e 5º anos é indispensável, especialmente por serem os últimos anos na escola. “Desta forma, vão preparados para um colégio maior. É um aprendizado para o ambiente escolar e para a vida”, afirma.
Ao longo do ano letivo, a escola desenvolve atividades de combate ao bullying, além do projeto, inclusive, atendendo às demandas que surgem nas turmas.
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