Com grande interesse por histórias e acesso a obras variadas, a alfabetização aconteceu de forma natural e precoce
Em plena era digital, ainda temos leitores que não abrem mão de um bom livro físico. O aluno d’O Peixinho, Vicente Castro Spagnuolo, 7 anos, é um grande exemplo de leitor não só para as crianças da sua faixa etária, mas para todas as idades. No ano passado, ele leu mais de 500 obras, incluindo livros e gibis. Os dados foram divulgados pela Biblioteca Pública de Londrina com base nos empréstimos feitos pela família em 2023.
A mãe do pequeno leitor, Luciana Castro, explica que ela, o esposo e o filho têm cadastro na biblioteca municipal e que, ao todo, fizeram 564 empréstimos, porém, 99% foram para o Vicente. “Temos três cadastros, por meio dos quais retiramos 27 exemplares por semana. Pegamos seis livros para ler à noite com ele e o restante é gibi que ele lê sozinho”, relata a mãe, que é professora de História. A família faz as trocas dos empréstimos às segundas, quartas e sextas-feiras. “Para nós, o acesso às bibliotecas é muito importante, pois ele tem sede de ler”, complementa.
O hábito da leitura é comum na família do Vicente. Seus pais sempre tiveram a prática, desde pequenos, e quando se casaram, juntaram seus exemplares. Em um ambiente com muitas obras e paixão pelas palavras, ensinar o filho a trilhar o caminho da leitura foi natural para os pais. Desde muito novo, o pequeno teve acesso a livros (de banho, com imagens, de tecido com recurso sensorial, entre outros).
Conforme se interessava por assuntos específicos, como dinossauro e sistema solar, por exemplo, além de brinquedos, com o passar dos anos, os pais adquiriam obras relacionadas aos temas que ele gostava. “Nós sempre incentivamos e disponibilizamos os livros, mas nunca forçamos. O Vicente gosta tanto que, para ele, livro é presente”, frisa Luciana.
Com tamanho interesse e acesso a obras variadas, a alfabetização aconteceu de forma natural e precoce. Aos 3 anos o garotinho começou a conhecer as letras e a formar palavras. Então, os pais passaram a disponibilizar livros com poucas frases e letras maiores. A pandemia chegou, mas não impediu que os pais e o pequeno mantivessem a frequência na leitura. “Continuamos emprestando e comprando livros; não paramos porque é o hábito da nossa família”, afirma a mãe. Além dos clássicos infantis, os pais também leem histórias da bíblia infantil com Vicente – e ele gosta bastante.
Luciana considera que a escola também contribui para o interesse pela leitura por meio do desenvolvimento de atividades como a Hora do Conto (projeto no qual os alunos assistem a uma contação de história, uma vez por semana, na biblioteca d’O Peixinho) e da proposta de leitura semanal do exemplar enviado para casa. Outro ponto positivo são as trocas de livros e gibis promovidas eventualmente entre os alunos.
A leitura muda o universo da criança
O acesso às telas não é proibido para Vicente, mas é limitado a uma hora por dia, dividida em duas vezes de 30 minutos ou em três vezes de 20 minutos. Conforme observa a mãe, o celular hiper estimula o cérebro e causa ansiedade, o livro faz o contrário: acalma a mente e relaxa, além de beneficiar a parte cognitiva. Por isso, o foco do pequeno leitor são as brincadeiras e a leitura.
“Ele gosta de inventar e contar histórias, de criar personagens, times de futebol. A leitura muda o universo da criança, a imaginação, a criatividade, amplia o repertório de palavras para conversar e para escrever”, pontua Luciana. O hábito da leitura enriquece a criança, proporciona um imaginário saudável, ajuda a desenvolver a concentração e diminui a ansiedade.
Como começar?
A dica para as famílias que desejam inserir a leitura na rotina é começar com leituras pequenas, gibis ou uma página de livro por dia, e ir aumentando aos poucos. Quando menos esperarem, estarão lendo uma obra por semana. Na falta de condições para comprar livro, frequente uma biblioteca pública.
Confira a entrevista ping-pong feita com o aluno.
FALA, VICENTE!
Qual livro você mais gostou de ler?
Não tenho um preferido.
Quem são os personagens mais engraçados que você conhece?
Hagar e Calvin.
Se você pudesse ser um super-herói, qual seria?
O Asterix.
(Conheceu por meio dos gibis e, inclusive, foi tema do seu aniversário de 7 anos.)
Você prefere histórias engraçadas ou de mistério?
Histórias engraçadas.
Livro ou gibi?
Gibi.
Por que você gosta de ler?
Porque eu curto as histórias. Ler é legal e engraçado.
Qual leitura você indicaria para um amigo?
Hagar (história em quadrinhos).
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